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quarta-feira, 21 de outubro de 2015

Além do Tempo e da Eternidade


Além do Tempo e da Eternidade


 
Além do Tempo surpreende a teledramaturgia ao propor uma trama com duas fases de uma forma inédita. Até então, as novelas lançavam mão de recursos como o flashback e a memória das personagens para mostrar a interferência de fatos passados nos sucessos presentes (Alma Gêmea é um bom exemplo). Todavia, a novela das 18h vai mesmo Além do seu tempo ao mostrar duas vidas distintas de cada personagem com clara conotação espiritualista, através de duas reencarnações distantes em 150 anos.
O capítulo de hoje (21-10) encerrou um tempo, situado no século XIX, com toda magia que ele pode oferecer. Foi um capítulo brilhante com todo o fulgor de um clímax esperado nos grandes finais. Para alimentar o imaginário vitoriano (sim, Condessa Vitória) um duelo traiçoeiro, no melhor estilo capa-espada-penhasco, com Melissa e Pedro pintados com todas as tintas da vilania. Ambos foram incitados a perdoar e seguir em frente, mas optaram pelo ódio, e, de certo, responderão por ele na próxima etapa. O carma virá na nova fase, todas as personagens vestidas com outras roupagens, como mostrou a instigante chamada, reviverão os dramas do passado num contexto contemporâneo.
Desde sexta passada, num capítulo que lavou a honra do telespectador e nos fez vibrar com tanta beleza, os ares já eram de final. O casamento desfeito no altar com a revelação do segredo do diário (Ah... o século XIX como não suspirar ?), o príncipe no cavalo raptando a mocinha, as identidades reveladas, novos pares se formando, o bem vencendo o mal. Mas, com ventos novos soprando, não era o fim, era o recomeço de novas vidas construídas com o barro moldado no passado.
E por falar em ventos soprando a melhor metáfora desse “fechamento” de ciclo foram as velas se apagando continuamente no casarão da Condessa. Uma cena lapidar que sugere fins e recomeços, vida e morte, luz e sombra. Como uma trama de cunho espiritual, muito se falou sobre o poder do perdão, aqueles que conseguiram perdoar renascerão mais leves, os outros continuarão arrastando suas correntes.
Cortando para o século XXI, o anjo, antes cocheiro, agora atua no metrô( imagem contemporânea por excelência) e continua conduzindo os destinos. Lívia e Felipe num olhar eloquente se reconhecem, a reminiscência platônica entra em ação, é o amor que se eterniza  para Além do Tempo. Sigamos também apaixonados pelos próximos capítulos...
 

10 comentários:

  1. Parabéns pelo olhar cuidadoso ao enredo, às sequências e ao desfecho dessa fase. Pena que a escola ainda não sabe aproveitar a linguagem novelista enquanto gênero narrativa.

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    1. Obrigada, caro colega, penso que é também nossa função aguçar esse olhar.

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  2. Como sempre, perfeito texto,Alana. Um olhar que poucos conseguem ter!

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  3. Me rendi aos encantos do séc XIX, à novela de época que só hoje, assisti pela primeira vez, já na expectativa contemporânea... Só um acréscimo em duas cenas que me chamaram atenção: a Condessa que apagou sua própria vela(luz) e o fim trágico do Conde (e sua amada) rememorando Shakespeare em Romeu e Julieta

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  4. Entrei para ler essa última postagem e acabei lendo todas. Para um noveleiro assumido como eu é legal encontrar pessoas que acreditem que esse tipo de entretenimento não é vazio e nem piegas. Parabéns pelos links.

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    1. Obrigada pelo interesse. Imagino que sejas o noivo de Juliana, como não gostar de boas tramas então? Continuemos alimentado o olhar para ver mais entre as telas.

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    2. Eu mesmo. Obrigado pela atenção.

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  5. Alana, assisti ao capítulo de ontem e gostei muito, com destaque para a Condessa!! O corte temporal vai nos enredar mais ainda com a trama. A novela é, realmente, boa, e confesso que essas, cuja temática é espiritual, me mobilizam para acompanhar!

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  6. Alana,

    excelente análise , como sempre. Que bom termos alguém tão capaz acompanhando e escrevendo sobre novelas. Obrigada,
    Maria Zélia

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