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quarta-feira, 29 de julho de 2015

Avenida Brasil, paixão nacional

A novela Avenida Brasil estabeleceu um novo marco na teledramaturgia brasileira. O seu êxito é indiscutível, haja vista tamanha comoção em torno do seu final que, literalmente, parou outra avenida, a Paulista (como na Copa do Mundo) e um sem número de outras avenidas pelo Brasil afora. João Emanuel Carneiro, certamente, foi alçado ao time da primeira divisão dos autores da Globo: Gilberto Braga, Manuel Carlos e Aguinaldo Silva.
O tema da vingança/justiça vem animando a literatura desde seus primórdios e restabelecer a ordem é a matriz de boa parte das narrativas escritas até então. O autor trabalha com um grande tema central e todas as outras histórias se cruzam com o eixo principal, fórmula já apontada em A Favorita. Talentoso e criativo soube beber sem moderação nas fontes literárias, inclusive com citações explícitas, como a lista de livros selecionadas por Nina para tentar abrir os olhos turvos de Tufão: O Primo Basílio e Madame Bovary.
Como bom técnico, soube explorar o time principal sem abrir mão de escalar o secundário. A tríade Adauto/Zezé/Janaína roubaram mesmo várias cenas. Os dois primeiros com um destacado humor e falas hilárias e a terceira com sua comovente missão de salvar o filho das trevas e com sua dose de marxismo às avessas, reproduzindo com sua empregada os desaforos recebidos na mansão. Como também soube abusar da versatilidade dos atores experientes, caso do inesquecível Leleco (Marcos Caruso) que ia da caricatura do velho-garotão ao pai-conselheiro em segundos e a dupla face de Santiago(Juca de Oliveira), um Gepeto, aparentemente adorável, que forjou o seu Pinóquio/Carminha assim como os brinquedos que consertava, meigos por fora e recheados de contrabandos, já que o lixo (ão) deve ficar sempre longe das vistas.

Quanto ao tão esperado final, gol de placa. A redenção de Carminha fugiu do clichê loucura/morte dos vilões e trouxe uma visão fraterna e generosa das fraquezas humanas. A remissão dos pecados é possível, mesmo sem perder sua essência, pois mesmo nos minutos finais ela ainda espicaçou seus comensais. Aliás, a cena da mesa, ceia de comunhão, reavivou os papéis familiares. Carminha teve nova chance de ser filha, mãe e avó, sem tintura nos cabelos, nem fantasia de falsa beata.  E nos 45 do segundo tempo, um jogo divino, reunindo todos os personagens, metáfora magistral da agregação brasileira em torno de suas paixões: Novela, Futebol e Cerveja, outra personagem marcante nessa história...

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